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Arquitetos: Architectus S/S
- Área: 5060 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Joana França

Descrição enviada pela equipe de projeto. Mar e Rio. Água doce e água salgada. O encontro do Rio com o Mar na região da Sabiaguaba, em Fortaleza, tem uma das paisagens mais privilegiadas da cidade. Os guardiões dessa beleza natural, as famílias tradicionais da Sabiaguaba, reivindicavam há tempos a construção de um polo gastronômico que aproveitasse o potencial turístico e paisagístico da região, protegesse a fauna e flora locais e gerasse emprego e renda para os nativos (termo com o qual eles se orgulham de se identificar).

Da luta da comunidade, nasceu o Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba. Às margens do Rio Cocó, em sua área próxima à foz, a edificação caracteriza-se por uma estrutura de geometria simples e semienterrada, tanto para aproveitar o desnível acentuado do terreno, como para deixar a vista privilegiada da paisagem livre de qualquer barreira visual.

Ao chegar no espaço, os visitantes são recebidos no pavimento superior por uma praça/mirante com áreas de jardins e bancos para contemplação. A competição pelo pôr do sol mais bonito de Fortaleza é acirrada, mas o que podemos afirmar é que esse espaço do Complexo Gastronômico é bastante disputado.

Utilizando rampas ou escadas, é possível acessar o pavimento térreo, onde os visitantes encontram um grande tablado propositalmente suspenso do terreno natural, absorvendo as variações de marés existentes no local, bem como permitindo a recomposição da vegetação nativa do terreno. Nessa área, estão localizados os 20 quiosques devidamente equipados para a produção de pratos da culinária tradicional da Sabiaguaba. Com peixes, mariscos e frutos do mar frescos, os permissionários, todos integrantes da comunidade nativa da Sabiaguaba, preparam comidas da culinária tradicional, como a ostra no bafo, a peixada, o baião de coco e a farofa de marisco.

Para dar maior conforto térmico aos usuários, buscou-se sombrear as áreas de atendimento e acessos com marquises. Além disso, foram propostas coberturas retráteis em lona para a área de mesas.

A integração visual entre a edificação e a paisagem natural foi uma preocupação desde o início do projeto. Assim, além da proposta de semienterrar o objeto construído, houve uma preferência por materiais de aspecto natural e duráveis, como a madeira ecológica, utilizada tanto no piso quanto nos brises, elementos de destaque da fachada.

Para manter vivas a história, a tradição e a cultura das famílias da Sabiaguaba, entre os módulos de quiosque, foram proposto um museu. O Centro de Memória Raízes da Sabiaguaba reúne informações sobre o modo de vida nativo, onde parte do acervo é composta por artefatos doados por moradores do bairro.

O incentivo ao ecoturismo também fez parte da proposta, com a instalação de um píer, espaço destinado ao embarque e desembarque de passageiros para o conhecido passeio de barco pelo Rio Cocó. De maneira espontânea, o píer também virou espaço de lazer para banhistas, principalmente aos finais de semana.

Saberes e sabores de uma comunidade centenária. Contato e preservação da natureza. Tudo isso ao som do canto dos sabiás no Complexo Gastronômico e Ambiental da Sabiaguaba.